Seminário reúne governos e especialistas na discussão da economia verde

Um debate que trouxe para São Paulo a pauta da economia verde aconteceu nesta sexta-feira, 20/10, na Assembleia Legislativa do Estado, durante o seminário promovido pelo deputado Maurici (PT), presidente Comissão de Relações Internacionais na Assembleia Legislativa de São Paulo.

O seminário foi composto por três mesas, sendo a primeira delas reservada ao debate com representantes governamentais, da qual participaram Márcio Elias Rosa, secretário-executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e Lucas Feraz, secretário de Negócios Internacionais no Estado de São Paulo.

Márcio Elias Rosa trouxe informações sobre as ações o governo federal para a reindustrialização ou a neoindustrialização do país, destacando a necessidade de um novo modelo industrial que se baseie no tripé, que o presidente Lula afirmado que será levado pelo Brasil ao G20, da sustentabilidade ambiental, sustentabilidade econômica e sustentabilidade social, que gere emprego e distribua renda.

Outro desafio do governo federal, de acordo com o secretário, é a implementação de políticas estruturantes e medidas anticíclicas. Elias Rosa enfatizou que nesse processo, a indústria demandará mão de obra diferenciada, citando novas atividades profissionais que devem ser fomentadas pelos arranjos produtivos a serem estabelecidos, como mecânica em telemetria e de carros híbridos, engenharia de segurança digital e defesa, automação predial.

O representante do ministério do Desenvolvimento também falou da importância dos acordos que o governo federal tem estabelecido com o Mercosul, União Europeia e Brics, no avanço da participação do país no comércio exterior.

A aceleração da produção energética, em sintonia com as cadeias globais e transacionais como um dos meios para superação da desindustrialização do Estado de São Paulo e do país foi um dos elementos ressaltados pelo secretário de  Negócios Internacionais, Lucas Feraz, que também participou do seminário. Para ele, é necessário inteligência e estratégia na transição energética e ecológica para o novo momento de produção e desenvolvimento da economia.

Ambos os secretários, no nível federal e no estadual, elogiaram a reforma tributária que avaliam significa para debelar o custo Brasil e a guerra fiscal.

Novos combustíveis

A segunda mesa do Seminário Economia Verde no contexto internacional, São Paulo e Brasil, contou com a participação do empresário Marcos Guerra, que tratou da questão referente ao combustível sustentável de aviação, SAF, na sigla do inglês Sustainable Aviation Fuels. O empresário informou que a indústria aérea é responsável por cerca de 60% da emissão de gases CO2, fato que deve ser considerado pelas autoridades do Estado, uma vez que 30% de todos os voos do país saem de São Paulo.

O Brasil ainda não domina a tecnologia de produção de combustível sustentável bioenergético, por isso é fundamental que sejam feitas parcerias com as universidades e que haja apoio governamental, com investimento em pesquisas e fomento à produção para uma transição energética justa e inclusiva.

Já Ruy Amparo, que é diretor de segurança e operação de voo da Associação Brasileira das Empresas Aéreas, defendeu que o Brasil tem um papel estratégico e significativo no desenvolvimento do SAF e na promoção de uma aviação mais sustentável. Ele informou que 40% dos custos da aviação estão no combustível e que o país tem recursos para descarbonizar a fomentar a produção local de bioenergéticos.

Segundo Ruy Amparo, o país precisa ter planejamento, logística e produção em escala, para uma transição energética, falando, por exemplo, da premência de um polo de abastecimento SAF, próximo aos aeroportos de Viracopos, em Campinas, e de Congonhas, na capital paulista.

Eletrificação da frota

No terceiro momento do seminário, Aroaldo Oliveira da Silva, diretor-executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, abordou a eletrificação da frota brasileira e a transição energética e da indústria sob a perspectiva dos trabalhadores, que ele traduz como uma transição justa. Avaliando a participação da indústria de transformação paulista no cenário nacional, Aroaldo Oliveira chamou atenção para as quedas dos últimos períodos e o prejuízo em número de empregos na indústria. Ele reiterou a importância da participação dos trabalhadores no processo de reconstrução da indústria e voltou a reivindicar a participação dos sindicatos no Conselho Estadual de Promoção da Nova Industrialização, criado pelo governo de São Paulo.

Para Marcelo Miterhot, economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, a eletrificação da frota brasileira é uma oportunidade de realizar uma transição energética com melhoria imediata de conforto para quem usa o transporte, para quem vive nas cidades onde transita essa frota. Além disso, ela a mudança da frota poderá alterar os negócios que envolvem o sistema público de transporte de forma e garantir para a grande indústria brasileira de ônibus um desenvolvimento maior ainda.

A discussão de eletrificação de ônibus e carros elétricos também contou com a participação de Marco Antonio Conte Ramos Pereira, analista da Greener, empresa que produz informação e estratégia para a transição energética.

Mercado de carbono

A última mesa do seminário abordou o mercado de carbono, que se caracteriza, basicamente, pela venda dos créditos de carbono entre um país que os detém, ao ter reduzido a sua emissão de dióxido de carbono, e um país que precisa reduzir suas emissões, mas não atingiu as metas. Contribuíram como esse debate Nelson Rocha, criador da Bolsa de Carbono do Rio de Janeiro, Fernanda Salgueiro Borges, advogada, consultora e pesquisadora em direito público, com experiência em direito regulatório e ambiental.

Assista à íntegra do Seminário Energia Renovável.